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domingo, 8 de abril de 2012

Governo admite que os suicídios vão aumentar A nota deixada pelo pensionista grego que se suicidou em frente ao parlamento consternou o mundo, mas em Portugal também há quem aponte o dedo à crise antes de pôr termo à vida. Em 2010 já houve mais suicí

s.

Segundo os números do Instituto Nacional de Estatística, em 2010 foram
registados 1101 suicídios em Portugal, mais 84 que no ano anterior e
mais 86 do que as mortes causadas pela sinistralidade rodoviária. Um
número que o Governo considera "subnotificado". O secretário de Estado
da Saúde justifica essa avaliação "muitas vezes por circunstâncias
relacionadas com algum risco de estigmatização social e até com
condições específicas das apólices de seguro de vida".

Questionado pela Lusa sobre se com a crise se pode haver um aumento
das taxas de suicídio, o secretário de Estado afirmou que, "em todas
as circunstâncias de maior crise económica ou financeira, com o
aumento do desemprego, aumento de situações de maior dificuldade
social, individual e familiar, é possível e imaginável que isso
aconteça". Leal da Costa diz ainda que atualmente o suicídio "é uma
realidade crescente em Portugal, nomeadamente o suicídio de idosos que
se prende claramente com circunstâncias que têm a ver com o abandono
social e com condições mais difíceis de sobrevivência".

Antes da intervenção da troika, a Grécia tinha a taxa de suicídio mais
baixa da Europa, mas hoje já ocupa um dos lugares cimeiros. Só no
último ano houve um aumento de 40% no número de suicídios registados.
O caso do pensionista grego de 77 anos que pôs termo à vida na manhã
de quarta-feira na praça Syntagma, trouxe ao primeiro plano o
desespero das vítimas das políticas de austeridade. Dimitris
Christoulas escreveu uma nota responsabilizando o Governo e
comparando-o aos militares que administravam o país para os nazis
durante a II Guerra Mundial: "Não vejo outra solução senão pôr, de
forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a
revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os
jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores
deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com
Mussolini em 1945", escreveu o antigo farmacêutico de Atenas.

Em Portugal, também há notícia de casos igualmente trágicos de
desespero. Em setembro passado, Pedro e Cristina, dois irmãos de 53 e
57 anos, lançaram-se para a frente de um comboio da linha de Cascais,
na estação de Paço de Arcos. Segundo a notícia então publicada no
Correio da Manhã, no bolso de Pedro estava uma carta a explicar a
razão do duplo suicídio. Depois de trabalhar numa empresa de
publicidade, Pedro estava desempregado e vivia em Lisboa com a irmã,
igualmente desempregada, e a mãe, até esta falecer aos 88 anos. O
senhorio despejou-os e ficaram a viver na rua por alguns meses, até à
noite em que puseram um ponto final na sua história. "Estava escrito
que se sentiam abandonados e viviam em pobreza extrema devido à crise
económica", disse uma fonte policial citada pelo Correio da Manhã.

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