Mulheres que não pedem aumentos salariais possuem “superpoderes” e aquelas que se submetem caladas a um cenário de defasagem salarial para seus colegas homens têm “karma bom” e são dignas de confiança, afirmou nesta quinta-feira (9) o presidente-executivo daMicrosoft, Satya Nadella, durante um evento para celebrar a presença feminina na computação.O executivo da maior desenvolvedora de software do mundo participou da conferência Celebração da Mulher na Computação Grace Hopper, em homenagem à analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos criadora da linguagem de programação que deu origem ao Cobol.Durante o evento, Nadella teve que responder a pergunta: “O que você aconselha às mulheres que estão interessadas em progredir em suas carreiras, mas não estão confortável em pedir um aumento?”.
O executivo afirmou que um antigo presidente da Microsoft afirmava que “os sistemas de recursos humanos eram eficientes no longo prazo e ineficientes nocurto prazo”. “E eu acredito que essa frase captura isso”, afirmou. A partir daí, Nadella começou a falar especificamente de como as mulheres poderiam lidar com a situação. “Não é sobre pedir um aumento, mas sobre saber e ter fé de que o sistema irá, na verdade, dar a você os aumentos devidos à medida em que você avançar.”“E isso, creio eu, pode ser um dos superpoderes adicionais que, francamente, asmulheres que não pedem aumentos possuem. Porque isso é karma bom, isso irá voltar para elas. Porque alguém saberá que elas são o tipo de pessoa em que eu quero confiar; elas são o tipo de pessoa a quem realmente eu quero dar mais responsabilidade; e no longo prazo, a eficiência irá equiparas as coisas”, continuou.E concluiu: “E eu me pergunto – e eu não estou dizendo que essa é a única abordagem – eu me pergunto se considerar o longo prazo ajuda a solucionar o que deve ser percebido como essa coisa desconfortável de ‘Eu estou sendo bem paga?’, ‘Eu estou sendo bem recompensada?’; porque a realidade é que o seu bom trabalho não é seguido por melhores recompensas. Assim que o seu bom trabalho tiver impacto, as pessoas a reconhecerão e então você será recompensada.”
As declarações causaram um desconforto imediato. A mediadora da conferência, Maria Klawe, presidente do Harvey Mudd College e membro do conselho de diretores da Microsoft, não concordou com a resposta. Além disso,contou sua própria história: quando foi contratada pela Universidade de Princeton, descobriu que ela recebia US$ 50 mil a menos por ano do que deveria ganhar. Voltando-se para as mulheres na plateia, Klawe falou: “Faça seu trabalho”. “Não seja estúpida como eu fui”, completou.Nadella tentou consertar a situação. “Fui desarticulado ao respondem como mulheres deveria pedir um aumento. Nossa indústria precisa encerrar a lacuna de pagamento entre os gêneros para que aumentos não sejam necessários como um viés”, escreveu no Twitter. O mal-estar só aumentou, inclusive entre os acionistas da Microsoft. “Como acionista, eu espero que você fará a coisa certa e tomará providências para fechar as lacunas na Microsoft primeiro. Ações falam mais alto do que palavras”, afirmou um acionista.Para tentar apagar o incêncio, ele enviou uma carta enviada aos funcionários da Microsoft na noite desta quinta-feira (9). “Eu respondi a essa questão de forma completamente errada”, escreveuSatya Nadella. “Eu acredito que homens e mulheres devem receber um mesmo pagamento por empregos iguais. E quando se tratar de um conselho sobre como pedir um aumento quando você acha que merece, o conselho da Maria é o conselho correto. Se você acredita merecer um aumento, você deveria apenas perguntar.”
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