Dois homens em uma moto atiraram contra o Palácio do Governo deSanta Catarina, por volta de 2h desta quinta (2), sexto dia de ataques da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) contra autoridades e ônibus no Estado. Três tiros acertaram a guarita da sede do governo, localizadano Centro Administrativo da rodovia SC-401. Não houve feridos, e os criminosos não foram identificados.Os ataque acontece às vésperas da eleição estadual, que temo atual governador,Raimundo Colombo (PSD), 59, candidato à reeleição, como líder nas pesquisas. Ele deve vencer no primeiro turno.
Segundo dados da Polícia Militar, atualizados às 9h desta quinta, já são 52 ataques, em 20 cidades, e 17 ônibus incendiados desde a sexta (26). A violência cresce também no interior, e os ataques atingiram Blumenau, terceira maior cidade catarinense, que teve na noite de ontem seu primeiro ônibus incendiado.O transporte coletivo noturno na Grande Florianópolis foi suspenso pelo quarto dia seguido, por medida de segurança, provocando caos pelas ruas das cidades. Em Criciúma, Tubarão e Joinville, os ônibus só circulam com escolta policial.Desde o início da terceira onda de violência, a polícia prendeu 22 suspeitos e oito adolescentes. Dois homens foram mortos em confronto com a PM e um agente prisional aposentado foi assassinado por criminosos não identificados.A maioria das autoridades não menciona diretamente o PGC pela autoria da onda de violência, mas a sigla é de uso corrente no dia a dia dos catarinenses. Depois de alguns dias de relutância, a Secretaria Estadual de Segurança confirmou que os novos ataques também estão sendo coordenados de dentro das cadeias pela facção.
O secretário de Justiça, Sady Beck Junior, confirmou que o Estado vai transferir novamente dos presídios locais um número não revelado de novas lideranças do PGC, que foram relacionadas às ordens dos ataques.O secretário de Segurança, César Grubba, vem afirmando queo grupo está mais ativo por conta de supostas vitórias da polícia sobre o crime.Mas a juíza Alexandra Lorenzi, da Vara de Execuções Penais responsável pela penitenciária de São Pedro de Alcântara, disse em entrevistas que "a bagunça da cidade" é reflexo do"não atendimento pelo Governo do Estado de necessidades básicas dos presos". De acordo com ela, "não estão dando oskits básicos de higiene, então muitos apenados que não têm visita dos familiares, ficam sem prestobarba, sabonete, sandália de dedo, em condições muito ruins".Ela disse ainda que "não se pode dizer que os presos são o lixo da sociedade e não pensar mais neles, porque estão aí e conseguem bagunçar a vida toda de uma cidade. Não adianta combater violência com violência. O índice de reincidência de São Pedro de Alcântara é 80%. Ou seja, de cada mil apenados, 800 voltam, é muito alto".
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