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quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Empresário americano deixa parte de herança de US$ 40 milhões para 18 amigos brasileiros
O empresário americano Odd "Bud" Odsen,
morto no último dia 19 de junho, aos 52 anos,
deixou parte de sua herança, avaliada em US$ 40
milhões, para 18 pessoas de Florianópolis, todos
ex-estagiários de sua empresa nos Estados
Unidos.
Odsen morreu de um ataque cardíaco em Glen
Cove, Estado de Nova York. O testamento foi
aberto no Register of Wills de
Northampton, Pensilvânia, na semana passada, e
surpreendeu os beneficiados - cada um vai
receber cerca de US$ 300 mil, parcelas de imóveis
e cotas de uma empresa que fatura US$ 30
milhões por ano.
O empresário deixou metade do casarão
histórico onde vivia em Northampton, erguido
em 1700, e metade de um apartamento de frente
para o Central Park, em Nova York, para dividir
entre os 18 amigos brasileiros. A irmã do morto,
Kristine Lamb, professora de música em Nova
York, herdou a maior parte dos bens. Ela não
contestou o testamento.
A história
A relação de Odsen com os brasileiros começou
em 1976, quando ele, aos 16 anos de idade,
conheceu outro adolescente, um brasileiro de
Santa Catarina, com 17 anos, que tinha ido aos
Estados Unidos para um intercâmbio estudantil
[a pedido do grupo, os nomes não serão
informados nesta reportagem].
A partir dali surgiu uma amizade entre os dois, e,
de tempos em tempos, o americano vinha ao
Brasil e se hospedava em Florianópolis na casa
do amigo brasileiro. Assim foi durante anos, e no
correr deles, ambos prosperaram nos negócios.
O brasileiro é hoje, aos 53 anos, sócio de uma
grande rede de lojas da região Sul do Brasil. Nos
Estados Unidos, Odsen tornou-se dono da
Innovative Office Products (IOP), empresa líder na
fabricação de braços articulados para hospitais,
robôs espaciais da Nasa e sustentação de
monitores.
Tímido e retraído, vítima de obesidade mórbida,
Odsen nunca se casou nem teve filhos. Em 2001,
anos depois da primeira visita à casa do
brasileiro, na década de 70, ele veio ao Brasil
mais uma vez e convidou o filho do amigo e
então estudante de Administração para fazer um
estágio na IOP.
“Kids de Florianópolis”
Aceito o convite, o jovem seria o primeiro dos
“kids de Florianópolis”, como Odsen passou a
chamar os estagiários brasileiros de sua empresa
nos Estados Unidos. Começou então a ser
formado o grupo dos 18 que seriam mais tarde
beneficiados pelo testamento.
"Um amigo meu queria trabalhar nos Estados
Unidos, eu liguei para o Bud e ele pediu o
currículo, deu certo, dai pra frente um foi levando
outro", disse o filho do amigo brasileiro de
Odsen, hoje com 31 anos e carreira solo em
Florianópolis.
A lista incluiu vários jovens de famílias ricas de
Santa Catarina. Dos 18 que passaram pela
empresa, apenas dois ainda atuam nela. Seis
voltaram, e os demais continuam nos Estados
Unidos.
Por algum tempo, em suas viagens a
Florianópolis, e apesar da diferença de idade de
quase 20 anos, Odsen frequentava a noite com
os rapazes, esbanjando dinheiro, segundo um
deles.
“Mais uma do Bud”
Quando os ciceroneava na Pensilvânia, incluía
passeios em grupo para apresentar aos
brasileiros lugares históricos ligados ao Partido
Republicano, ocasiões em que costumava exaltar
os valores americanos.
Hoje os “kids de Florianópolis” já não são mais
garotos. Estão todos na faixa dos 30 anos.
Nenhum deles sabia que estava no testamento. O
primeiro "kid", filho do amigo dos anos 70, diz
achar que a herança foi mais uma do Bud.
"Na certa fez isso para que a gente nunca se
esqueça dele, mas nem precisava, porque o Bud
era uma figura e tanto", disse o herdeiro de
Florianópolis.
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