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sábado, 25 de agosto de 2012

Mr. Catra invade o mundo do samba

Um funkista? Ou um sambeiro? Mr. Catra, o MC mais popular da história do batidão carioca, não sabe como se definir em "Com todo respeito ao samba", álbum que seus amigos trataram de fazer vazar na internet. Trabalho em que ele desfila sua voz grave pelo pagode romântico (como em "Tão lindo", de Márcio Local, que já ganhou as rádios), o samba-funk (em "Triste fim da mina", do próprio Catra) e o lado mais tradicional do estilo (em "Mangueira é uma mãe", de Serginho Meriti, compositor gravado por Zeca Pagodinho), o disco revela o lado mais carioca desse artista que contaminou os beats eletrônicos do funk com figuras rítmicas dos tambores do samba. - Eu tinha que fazer esse disco com todo o respeito, porque o samba ensinou o funk a lutar contra a discriminação - conta Catra, que, no novo disco, preferiu abdicar das suas tradicionais rimas picantes. - Fiz um samba sensual, mas sem ser sensual nas letras. A ligação do MC com o samba veio de criança, quando o pai o levava aos bailes da Zona Norte que tocavam músicas de Jorge Ben Jor, Carlos Dafé, Bebeto e Wilson Simonal. A adolescência o levou pelo funk, o rap, o reggae e o rock, mas a raiz permaneceu. Amigo de Catra, o sambista Arlindo Cruz várias vezes o recebeu em suas rodas de samba. - Ele faz um balanço diferente, mais na linha do soul e do blues - diz Arlindo. - Mas o Catra canta bem Candeia e Cartola, ele é do samba também. Com músicas que há tempos estão no repertório de bandas como Revelação e ExaltaSamba, Catra foi fazendo o disco aos poucos. Começou só com seus parceiros. Um deles foi o cantor Márcio Local, que ele conheceu em 2007. - O disco nasceu em uns churrascos na casa do Catra, em que ele chamava o pessoal do samba - conta Márcio, que já lançou um CD no exterior pela Luaka Bop, selo do talking head David Byrne. - Quando vi, ele já tinha chamado o Pedrinho Ferreira (produtor do Só Pra Contrariar) para ajudá-lo a gravar. No álbum que circula pela internet, Catra canta suas músicas, as de Márcio, a de Serginho Meriti ("Quem canta o que o Meriti escreve, pode saber que canta sucesso", garante o MC) e seis de Dido da Mangueira, que, por um desentendimento do intérprete com o compositor, serão eliminadas da versão física que chega às lojas em um mês. No lugar delas, entram "Líquido do amor", "Antes, durante e depois" (ambas de Catra) e "Preta luxo" (de Márcio Local). Shows e a gravação de um DVD ao vivo devem se seguir ao lançamento. Primeiro disco de Catra em dez anos, "Com todo respeito ao samba" abre as portas para dois outros CDs: um de rap, com a Sagrada Família (do qual participa seu filho mais velho, Alandin), e o "MPBCatra", em que ele canta, do seu jeito, clássicos como "Cálice". O samba é um sonho, mas a realidade de Catra é mesmo o funk. Com ele, tem feito 50 shows por mês ("São 20 filhos, é dívida que não acaba mais"). Popularidade a toda, sente falta é de respeito: - Os estrangeiros continuam dando mais valor ao funk do que o Brasil. Lá fora, a gente é cultura de verdade. E ele jura que não precisará sacrificar o tempo do funk para cuidar do samba. - Nosso cérebro tem várias gavetas, é só se organizar. Ou você acha que eu vou parar com uma mulher pra ficar com a outra? - pergunta o MC.

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