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domingo, 19 de agosto de 2012
Política, espetáculo e fãs entusiasmados na aparição pública de Assange
A aparição pública
de Julian Assange na sacada da embaixada do
Equador em Londres, onde ele está recluso há
dois meses, converteu-se, neste domingo, em
um espetáculo midiático transmitido ao vivo pela
TV, com centenas de fãs aguardando para ver o
fundador do site WikiLeaks.
"Não somos uma colônia britânica!", gritavam,
com sotaque espanhol, uma dezena de
equatorianos, em frente à embaixada. Eles
agitavam a bandeira de um improvisado
Movimento Equador Reino Unido, e exibiam uma
fotografia de Assange.
"Viemos apoiar o senhor Julian e o presidente
Correa. Pessoalmente, acredito que o Equador
tomou uma boa decisão", disse a jovem Patricia.
"Olha, olha isso! Estamos todos com ele!",
exclamou, apontando para os colegas,
equatorianos que vivem no Reino Unido.
"No Equador, o sentimento é o mesmo, e não
apenas no Equador, mas também em Colômbia,
Bolívia, Peru, Argentina, toda a América do Sul,
toda a América Latina. Não é um país, somos
todos, unidos", afirmou a jovem, enquanto os
colegas gritavam "Libertem Assange!"
O australiano, 41, conhece a dimensão
internacional de seu caso, e, em seu breve
discurso na sacada, agradeceu a vários países da
América Latina, enquanto seus simpatizantes
vibravam cada vez que um deles era
mencionado.
Helicópteros e jornalistas Assange, um
"ciberguerreiro" da liberdade de expressão que
se tornou um pesadelo para Washington desde
que começou a publicar centenas de milhares de
documentos secretos sobre as guerras no Iraque
e Afeganistão, soube se cercar de manifestantes
de todo tipo de movimento.
Uma amostra disso era a variedade de pessoas
que aguardavam a sua aparição, entre elas
homens e mulheres de todas as idades, alguns
vestindo camisetas pedindo a libertação da
banda Pussy Riot ou máscaras do movimento
Anonymous.
A aparição pública do australiano também foi um
evento midiático, que atraiu centenas de
jornalistas com câmeras, tablets e smartphones
voltados para a sacada, alvo de todos os olhares.
O barulho contínuo de um helicóptero criava um
clima ainda mais surreal em uma rua
tradicionalmente tranquila do bairro elegante de
Knighstbridge. A presença ostensiva de policiais
lembrava aos simpatizantes de Assange que eles
não estavam em um show de rock.
Pouco antes de Assange aparecer na sacada,
foram lidas mensagens de apoio enviadas por
várias personalidades, entre elas a estilista
Vivianne Westwood e o cineasta Ken Loach,
enquanto um homem ao microfone amenizava a
espera com uma contagem regressiva.
Após horas de expectativa, Assange apareceu por
trás das cortinas da sacada, e foi recebido aos
gritos. Seu discurso durou apenas 10 minutos,
mas os fãs ficaram satisfeitos.
"Ele está fazendo um trabalho extraordinário
para a humanidade", afirmou a chilena Clara,
que vive na Grã-Bretanha e compareceu à
embaixada com a filha e a neta, para apoiar
Assange.
Após o discurso, Assange fez o sinal da vitória,
bolas coloridas foram soltas no ar, e um músico
começou a tocar gaita, como em um final de
festa.
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