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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Governo aponta "Lei Ferrari" como entrave à redução do preço do carro



Representantes do governo, do

setor automotivo e especialistas

presentes em audiência pública da

Comissão de Assuntos Econômicos

(CAE) do Senado nesta quarta-feira

(5) destacaram que a lei 6.729, a

chamada "Lei Ferrari", é hoje um

dos principais entraves à redução

do preço do carro no Brasil.

O coordenador-geral de

Infraestrutura Urbana e Recursos

Naturais da Secretaria de

Acompanhamento Econômico do

Ministério da Fazenda, Andrey

Goldner, disse que a lei, de 1979,

impede o aumento da concorrência

do mercado automotivo ao

restringir às montadoras e

concessionárias a comercialização

de venda de carros novos e

autopeças e ao impedir a regulação

do setor.

"As três principais montadoras na

Europa respondem por 54% do

mercado, ao contrário dos 80% que

identificamos aqui", declarou. Ele

informou que a secretaria enviou

nota técnica ao Congresso pedindo

a modificação de pontos da

legislação. Segundo Goldner, não

há, no entanto, "nenhum indício de

ações não competitivas por parte

das montadoras".

O subprocurador-geral da República

e coordenador da 3ª Câmara de

Coordenação e Revisão

(Consumidor e Ordem Econômica)

do Ministério Público Federal,

Antonio Carlos Fonseca da Silva, foi

mais direto: "A sociedade pede que

essa Casa revogue a Lei Ferrari".

Segundo o subprocurador, a

legislação prejudica a análise de

concorrência no setor pelo Conselho

Administrativo de Defesa Econômica

(Cade). "A lei é ruim para a

liberdade de mercado", resumiu.

Lucros e carga tributária maiores

O conselheiro do Sindicato Nacional

da Indústria de Componentes para

Veículos Automotores (Sindipeças),

Luiz Carlos Mandelli, disse que os

custos de produção e veículos no

Brasil são inferiores à média

mundial, mas o lucro das

montadoras e a carga tributária são

maiores.

"O custo do carro no Brasil é

formado por 58% de custos de

produção, o que inclui matéria-

prima, logística e mão-de-obra,

10% são margem de lucro e 32%

são impostos. Na média, no mundo,

79% são custos de produção, 5%

lucro e 16% são impostos",

detalhou.

Mandelli criticou medidas lançadas

para o setor, como o novo regime

automotivo - que entrará em vigor

em 2013 -, e disse que o governo

não tem sido eficiente em conter as

importações, especialmente no

mercado de autopeças. Segundo

ele, em 2006, o setor obteve um

saldo positivo de R$ 2 bilhões na

balança comercial. Neste ano, a

expectativa é que tenha saldo

negativo de R$ 6,6 bilhões.

"As importações de peças não

reduziram os preços dos veículos.

Apesar das montadoras dizerem que

não estão comprando autopeças no

Brasil porque são mais caras, o

consumidor não se beneficiou em

momento algum dessa redução",

defendeu.

A diretora substituta do

departamento de Equipamento de

Transportes da Secretaria de

Desenvolvimento da Produção do

Ministério do Desenvolvimento,

Margaret Maria Gandini, ressaltou

que o novo regime automotivo tem

como objetivo aumentar a

concorrência e o investimento no

setor.

"O que nós teremos é o aumento

de número de fabricantes

instalados no Brasil e da

concorrência no país. O que se fez

foi aumentar o número de

fabricantes, mas exigir que fossem

feitos investimentos no país",

declarou Margaret.

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