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terça-feira, 27 de março de 2012

Rio: Bope faz varredura no Complexo do Alemão e prende foragido



Primeiras viaturas da Polícia Militar dentro da base antes dominada pelo Exército. Foto: Giuliander Carpes/Terra

Primeiras viaturas da Polícia Militar dentro da base antes dominada pelo Exército
Foto: Giuliander Carpes/Terra

Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

A Polícia Militar substituiu nesta terça-feira os soldados das Forças Armadas nos Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A substituição por integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e de Choque ocorre primeiro nas comunidades de Fazendinha e Nova Brasília. Ao mesmo tempo que substitui soldados do Exército, a polícia faz operação de varredura da região. Um foragido da Justiça, cujos crimes não foram divulgados, acabou sendo preso. Não houve confronto.

A operação envolve 750 homens da Polícia Militar e três helicópteros, sendo um blindado. "A substituição deve ocorrer de forma pacífica e o Exército vai manter algumas posições esteategicas no Alemão por mais um tempo", disse.

Os policiais abriram na favela da Fazendinha um contêiner, embrião da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) que deve ser implantada no morro até junho. Os militares participam da força de pacificação da região desde o fim de 2010.

Já no início do dia, as forças da PM começaram a fazer ações de policiamento e revista à procura de criminosos que ainda possam estar atuando na área, como forma de preparar a chegada das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas duas localidades. As datas de inaugurações dessas novas UPPs ainda serão divulgadas.

As tropas do Exército permanecem no Alemão até junho, quando as UPPs já deverão estar implantadas. Neste primeiro momento de substituição, eles manterão posições estratégicas no morro, como na Serra da Misericórdia, rota de fuga dos chefes do tráfico de drogas durante a invasão do final de 2010. Ao todo, em junho já deverão estar no local 2,2 mil agentes da Polícia Militar.

De acordo com nota divulgada pelo Comando Militar do Leste, a transição será de forma gradativa, começando pelas comunidades da Fazendinha e Nova Brasília até chegar ao Complexo da Penha.

A Secretaria de Segurança Pública do Rio toma a decisão de apressar a implantação da UPP do Alemão em momento de instabilidade do sistema. Recentemente foram divulgados vídeos que provam que o tráfico de drogas continua agindo no local. Durante a visita do Príncipe Harry ao local, no início do mês, houve troca de tiros. E outra favela importante que ainda espera um UPP, a Rocinha, tem registrado frequentes distúrbios, como a morte de um líder comunitário acusado de envolvimento com o tráfico na tarde de ontem.

Varreduras
O diretor do Instituto Raízes em Movimento, Alan Brum, questiona a necessidade de varreduras na área. Segundo ele, os moradores das favelas estão apreensivos e temem possíveis violações de direitos. A organização não governamental atua no Alemão há mais de dez anos.

"Se o Exército já está aqui há tanto tempo, nosso questionamento é sobre a necessidade de uma varredura pelo Bope. Os locais mais problemáticos em relação à violência já estão mapeados e são de conhecimento público. Todos aqui estão muito apreensivos e há tensão por parte dos moradores", afirmou.

Nas últimas semanas, o Exército mudou a tática de atuação no Alemão e reforçou as revistas em todos os acessos às favelas da localidade. De acordo com o coronel Fernando Fantazzini, relações públicas da Força de Pacificação, a nova estratégia, no entanto, não estava relacionada à entrada do Bope, mas apenas a uma alteração rotineira para dar mais efetividade às ações.

"Não podemos atuar sempre da mesma forma. Temos que mudar as estratégias para garantir sempre a efetividade e a segurança das nossas ações", disse o policial militar. Ele garantiu também que não houve aumento no número de homens que ocupam o conjunto de favelas, atualmente em 1,6 mil, e disse que a nova tática não trouxe prejuízo ao patrulhamento no interior das comunidades para coibir o comércio de drogas.

Moradores confirmaram que foram intensificadas as revistas nas entradas e saídas das favelas, mas sem registro de agressividade ou abusos de militares do Exército.

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