Entre os patógenos que fazem com que os cientistas preocupados virem madrugadas, poucos rivalizam com o ebola em termos de eficiência impiedosa.
O vírus contém apenas sete genes, mas consegue matar até 90 por cento das pessoas que infecta. Os pacientes normalmente têm febre e fadiga, e depois apresentam convulsões, delírio e sangramento pelos olhos, nariz e boca. Após o início dos sintomas, a morte geralmente ocorre em oito a 16 dias.
Surtos de ebola ocorrem periodicamente na África, onde o patógeno foi descoberto pela primeira vez em 1976. Cepas menos perigosas apareceram em suínos nas Filipinas e em animais de laboratório importados para a Itália e os Estados Unidos. Especialistas temem que o vírus ainda possa servir como agente de bioterrorismo.
Não há cura ou tratamento para a infecção por ebola, apenas cuidados de apoio ao doente. Os cientistas também não entendem completamente como o vírus infecta seus hospedeiros.
Porém, em um trabalho publicado na revista Nature, pesquisadores de várias instituições identificaram uma proteína presente nas células do hospedeiro que parece ser essencial para a infecção. Células que não tinham a proteína permaneceram ilesas após a exposição ao vírus em laboratório.
O que mais chama a atenção é que mesmo camundongos parcialmente deficientes em proteínas (como resultado de manipulação genética) foram infectados pelo ebola, mas, em sua maioria, não morreram.
Essa é a primeira vez que cientistas mostram que um animal geneticamente manipulado pode sobreviver a uma infecção por ebola, afirmou Judith White, bióloga celular e virologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Virginia, que não esteve envolvida na pesquisa. Ela chamou o resultado de "surpreendente".
Tais estudos representam um avanço na compreensão dos pesquisadores de como esse vírus horrendo entra nas células e causa estragos. Eles também sugerem um possível alvo que pode vir a ser utilizado para desenvolver medicamentos no futuro, segundo White.