Confirmado como substituto interino de Ricardo Teixeira na presidência da CBF nesta sexta-feira, José Maria Marin é vice-presidente do Sudeste na entidade desde 2008. Em janeiro, ele ficou famoso no futebol brasileiro por ter colocado uma medalha no bolso durante a premiação do título do Corinthians na Copa São Paulo de Juniores. Mas a vida pública deste senhor de 79 anos começou bem antes da polêmica no pódio: Marin já foi jogador, mandatário da Federação Paulista de Futebol (FPF) e até governador de São Paulo.
Pelo estatuto da CBF, Marin assumiria a presidência diretamente em caso de renúncia de Teixeira por ser o vice mais velho. Como o presidente pediu licença médica, ele pode indicar qualquer um dos vices para o cargo interinamente e o paulista foi escolhido, assim como no final do ano passado. Os outros são: Fábio Marcel Nogueira (Sul), Fernando José Macieira Sarney (Norte), Marco Antonio de M. Ferreira (Nordeste) e Weber Magalhães (Centro-Oeste).
Antes de entrar para a política, Marin tentou a sorte no esporte e até deu alguns passos no futebol profissional. Entre os anos de 1950 e 1952, com 20 anos de idade, chegou a atuar pelo São Paulo, mas não teve muito destaque. A curta carreira nos gramados foi definitivamente interrompida quando o dirigente decidiu optar por outra área. Em 1955, formou-se em Direito, na Universidade de São Paulo.
Já na política, o substituto de Teixeira foi eleito vereador da cidade de São Paulo em 1964 e presidente da Câmara Municipal, em 1969, além de ter sido deputado estadual entre os anos de 1971 e 1979. No início dos anos 80 - entre 1982 e 1983 -, governou o Estado de São Paulo por dez meses substituindo Paulo Maluf, então governador eleito e que havia se licenciado do cargo para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados.
A década de 80 marcou o início da vida ativa de Marin nos bastidores do esporte. O dirigente presidiu a Federação Paulista de Futebol entre os anos de 1982 e 1986, foi chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México, e desde 2008, é vice-presidente da CBF representando a região Sudeste.
A principal força política de José Maria Marin vem justamente da FPF e seu presidente, Marco Polo Del Nero. Os paulistas foram os principais articuladores da escolha do substituto de Teixeira, fato que desagradou outras federações. Entre os clubes, a notícia agrada principalmente aos cartolas do Morumbi, já que o cartola mantém ótimo relacionamento com a cúpula são-paulina. No fim do ano passado, Marin acompanhou a delegação do Santos no Japão durante a disputa do Mundial de Clubes da Fifa.
Em 25 de janeiro deste ano, Marin envolveu-se em polêmica no dia da decisão da final da Copa São Paulo de Junores. Após a partida entre Corinthians e Fluminense, que terminou com a vitória do Timão por 2 a 1, o dirigente subiu ao palco durante a premiação dos atletas e foi flagrado colocando uma medalha no bolso. Depois da polêmica, o dirigente, então presidente em exercício da entidade já que Ricardo Teixeira havia pedido licença, afirmou que tal medalha era uma cortesia da Federação Paulista de Futebol.
médica da CBF (Foto: Marcos Ribolli)
Antes do carnaval, os rumores sobre uma possível renúncia de Teixeira aumentaram e fizeram com que alguns presidentes de federações estaduais se movimentassem para evitar a posse de Marin. A "ala rebelde", que contava com Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia, por exemplo, marcou uma reunião para o dia 29 de fevereiro para discutir o futuro da CBF caso o presidente realmente deixasse o poder.
O principal objetivo do grupo era propor novas eleições caso houvesse a renúncia. Segundo Francisco Novelletto, da federação gaúcha, o mandato até 2015 só seria válido para Teixeira, já que foi prorrogado por causa da Copa do Mundo de 2014. Se Teixeira saísse, a "ala rebelde" defendia que Marin – o vice mais velho – não poderia herdar o mandato por não ter sido eleito anteriormente.
A reunião acabou cancelada, já que Teixeira convocou uma Assembleia Geral para a mesma data. No encontro na sede da CBF, o presidente conversou com todos os dirigentes e continuou no cargo, saindo agora alegando problemas de saúde. Apesar de alguns presidentes de federações terem sugerido um "rodízio" entre os vices durante a ausência de Teixeira, o mandatário confirmou Marin como interino.
O presidente da CBF pode tirar no máximo três licenças, totalizando 180 dias - cada período pode ter no máximo 60 dias. Com Marin no cargo, a "ala rebelde" teme pela concentração de poder nas mãos dos paulistas, por causa da influência de Del Nero e da presença de Andrés Sanches, ex-presidente do Corinthians, como diretor de Seleções.
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