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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Delegado: polícia já sabia que iriam "melar" apuração

O delegado Mauro Marcelo de Lima, da Divisão de Portos e Aeroportos e
Proteção ao Turista, disse nesta quarta-feira (22) que a invasão
durante a apuração do Carnaval paulistano foi premeditada. Segundo
ele, a polícia teve a informação dois dias antes do evento. "Tivemos a
informação que iriam fazer algo para 'melar' a apuração", afirmou.

Por isso, segundo o delegado, foi montado um esquema de policiamento
reforçado no local onde ficou a diretoria da Liga. "A polícia já
esperava que algo acontecesse", completou.

Além disso, Lima informou que minutos antes da invasão uma emissora de
televisão flagrou um membro da escola de samba Império de Casa Verde,
que, de acordo com ele, é Tiago Faria, outro da Gaviões da Fiel e mais
um de uma escola que ele não conseguiu identificar, combinando o
tumulto.

"Eram de três escolas diferentes. Estavam combinando, fazendo sinal
com a cabeça de que 'tem que ser agora'", disse Lima. A imagem
mostrava ainda os torcedores chegando até a grade e derrubando-a para
que Tiago conseguisse roubar as notas.

Já Alexandre Gasparian, comandante do Batalhão de Choque da PM,
informou que a ação de Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, surpreendeu os
policiais, mas que o rapaz não invadiu o espaço da apuração. "A pessoa
que invadiu estava autorizada a estar lá. Tem que ser revista como é
feita a apuração. Os dirigentes ficam muito próximos do local, mas a
Liga das Escolas de Samba já deve estar vendo isso".

Sobre o posicionamento da Polícia Militar, o comandante afirmou nesta
quarta-feira (22) que não houve falha na polícia. "Não registramos
nenhuma pessoa ferida e a Polícia Militar agiu rapidamente para não
haver confusão entre as torcidas", disse.

Gasparian ainda confirmou que a quantidade de policiais é a mesma
usada em jogos clássicos de futebol que comportam até 40 mil
torcedores. "Para os clássicos, usamos cerca de 160 policiais para 40
mil torcedores, é mais que suficiente. No dia da apuração, o número de
presentes era bem menor". Além da tropa de choque, o Anhembi contava
com o policiamento de 3500 PMs na área externa do sambódromo.

O policiamento para o desfile das campeãs já estava programado pela
polícia militar, no entanto, segundo o major deve haver uma
reestruturação. No total, seis pessoas foram presas, duas delas foram
indiciadas e quatro ainda são investigadas. Segundo o delegado, a
premeditação é uma qualificadora do crime que pode aumentar a pena dos
envolvidos.

Mauro disse ainda que a polícia deve resolver o caso em duas semanas.
Segundo ele, em depoimento Tiago afirmou que a mudança dos jurados e
do sistema de avaliação - que a partir deste ano passou a ser feito em
décimos - motivaram a invasão.

Entenda o caso
Uma confusão promovida por integrantes de escolas de samba interrompeu
a apuração do Carnaval de São Paulo nesta terça-feira (21). Faltando
apenas uma nota dez para assegurar o título para a Mocidade Alegre,
Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império de Casa Verde,
invadiu a área de apuração, tomou o último envelope das mãos do leitor
e o rasgou.

O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Delegacia Especializada em
Atendimento ao Turista (Deatur), anunciou a detenção do principal
responsável por todo o tumulto. Caue Santos Pereira, 20 anos,
integrante da Gaviões da Fiel, também foi detido, este por atirar
objetos. De acordo com o major da Polícia Militar de São Paulo,
Alexandre Gaspariano, cinco integrantes de escolas de samba foram
detidos.

Com isso, a confusão se tornou generalizada e a leitura das notas foi
interrompida. Até este ponto, a Mocidade Alegre liderava a apuração
com um total de 160 pontos. Solange Bichara, presidente da agremiação,
evitou considerar a escola campeã do Carnaval de 2012. "Não posso me
considerar campeã por algo que não aconteceu", afirmou.

Uma reunião extraordinária entre a Liga das Escolas de Samba e os
diretores das agremiações foi montada para decidir o desfecho do
Carnaval 2012.

O tumulto se espalhou no entorno do Sambódromo. Torcedores foram
vistos chutando os portões próximos à área da dispersão. Pouco depois,
um carro alegórico da Pérola Negra foi incendiado por um grupo ainda
não identificado. A alegoria tinha estrutura toda de palha,
representando um índio gigante, e foi totalmente destruída pelo fogo.

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