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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ministra francesa orienta sem-teto a 'ficar em casa' no inverno Nora Berra vira motivo de piada no Twitter; onda de frio fecha rotas fluvias na Europa e mata quase 480 nas 2 últimas semanas

Uma ministra francesa virou motivo de piada na internet após aconselhar, em um post em seu blog, que os sem-teto “evitem sair de casa” para se proteger da onda de frio que atinge a Europa.


Foto: AFP
A secretária de Estado para a Saúde da França, Nora Berra, deixa o palácio presidencial em Paris
Em texto publicado no fim de semana, a secretária do Estado para a Saúde, Nora Berra, pediu que pessoas mais vulneráveis, como bebês, idosos, doentes e moradores de rua “evitem sair de casa” e “usem roupas apropriadas”.
Pouco depois de divulgar o post em seu Twitter, Nora recebeu uma enxurrada de mensagens de internautas que perguntavam como um morador de rua poderia evitar sair de casa.


A ministra, então, deletou o tweet e retirou a referência aos sem-teto no texto publicado no blog. Em outro post na rede social, disse que a questão tinha sido um mal entendido e reclamou: “Certos assuntos não devem ser tratados com ironia.”
Os moradores de rua são as principais vítimas do rigoroso inverno que atinge a Europa desde o fim de janeiro, deixando centenas de mortos nas últimas semanas. Muitas cidades francesas abriram abrigos noturnos para abrigar os sem-teto em meio a temperaturas de cerca de 20 graus negativos.
Rotas marítimas prejudicadas

Pelo menos quatro nações dos Bálcãs suspenderam a navegação no Rio Danúbio por causa da geada extrema e de uma grande quantidade de gelo bloqueando o canal de água de tráfego intenso. Bulgária, Croácia, Romênia e Sérvia tomaram a decisão porque até 90% da superfície do rio está coberta por blocos de gelo, disseram autoridades.
As condições tornam extremamente difícil atravessar a principal rota marítima comercial da Europa, que cobre 2.860 km da Alemanha e serve como fronteira natural entre a Bulgária e a Romênia. Além do Danúbio, a Sérvia proibiu a navegação nos rios Sava e Tisa, enquanto o Ministério de Emergências da Ucrânia afirmou nesta quarta-feira que a navegação entre o Mar Negro e o Mar de Azov está bloqueada pelo gelo que cobre totalmente o Estreito de Kerch, que une também por água a península ucraniana da Crimeia e a Rússia.
Segundo as autoridades ucranianas, 126 embarcações permanecem bloqueadas na entrada do estreito desde o sul, no Mar Negro. Kiev teme que a concentração de navios possa dificultar qualquer operação de resgate caso aconteçam situações de emergência.
A comunicação marítima pelo estreito está fechada e a única assistência oferecida pelos quebra-gelos é liberar as embarcações que ficam presas. Os navios, no entanto, não são guiados ao porto pelos quebra-gelos por causa das más condições meteorológicas no estreito, afetado por fortes ventos e nevascas, baixas temperaturas e grandes concentrações de gelo. Enquanto isso, segundo as autoridades de navegação marítima russas, cerca de 60 navios ficaram presos nas águas do Azov, atualmente fechado, já que se comunica com o resto dos mares somente através do Estreito de Kerch.
Muitos estão à deriva e precisam de assistência, como no caso do turco Taurus, que navega à deriva em uma área fora da cobertura das comunicações por telefonia celular. Segundo as últimas informações fornecidas nesta quarta-feira pela companhia barqueira, a tripulação do Taurus está prestes a acabar com suas reservas de alimento e combustível.


Foto: AP
Tripulante limpa neve de deque de cruzeiro nas águas parcialmente congeladas do rio Danúbio em Giurgiu, sul da Bulgária (08/02)
Dada a situação extremamente difícil no mar e ao número de navios que precisam de ajuda, o resgate do Taurus deverá esperar sua vez, segundo as autoridades. Os turcos já receberam a assistência dos quebra-gelos entre os dias 3 e 4 de fevereiro, quando uma embarcação ficou presa no gelo, foi resgatada e guiada até águas mais seguras.
O bloqueio do estreito afeta sobretudo o abastecimento comercial por mar da bacia russa do Mar de Azov, onde se encontra uma das principais cidades do sul do país, Rostov do Don.
Número de mortos
O frio glacial acompanhado de fortes nevascas e rajadas de vento que castiga a Europa quase 480 mortos em apenas duas semanas, a maioria no leste do continente, de acordo com contagem da agência de notícias France Presse.
O país mais afetado até o momento é a Ucrânia, onde mais de 136 morreram até terça-feira, sendo 112 mortes causadas diretamente pelo frio. Na Polônia, o número de mortos por hipotermia chega a 74, enquanto as vítimas por aquecedores defeituosos, que provocaram asfixia por monóxido de carbono e vários incêndios, é de 50.
O frio já deixou 42 mortos na Romênia, 24 na República Checa, 23 na Lituânia, 16 na Hungria, dez na Letônia, três na Eslováquia e um na Estônia. Já a Rússia contabiliza, desde o início de 2012, pelo menos 110 mortes de adultos em decorrência do frio, sendo 46 no mês de fevereiro, informou nesta quarta-feira o Ministério russo da Saúde.
Na parte mais ocidental, a Itália é o país mais afetado pelas nevascas, e desde 1º de fevereiro cotabiliza 40 mortos. Alemanha e França têm quatro mortos cada, enquanto a Áustria contabiliza cinco. Na Sérvia, Croácia, Bósnia, Macedônia e Montenegro pelo menos 70 mil estão isolados há dias em aldeias recônditas por causa do fechamento das estradas pelo excesso da neve.

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